Mente e corpo

Aline Romanato

Aline Romanato

Disse Espinoza: “Qualquer coisa que aumente, diminua, limite ou amplie o poder de ação do corpo, aumenta, diminui, limita ou amplia o poder de ação da mente. E qualquer coisa que aumente, diminua, limite ou amplie o poder da mente, também aumenta, diminui, limita ou amplia o poder de ação do corpo.”
Assim, um influencia o outro, justamente porque são partes integradas de um todo, que somos nós. Sintomas físicos, biológicos que aparecem sem que hajam explicações podem estar ligados à fatores mentais. A chamada somatização ocorre quando os conflitos e sofrimentos psicológicos são manifestados por meio de reações físicas como dores e até mesmo doenças. Exemplo dessa relação é quando experienciamos sensações desconfortáveis no trato digestivo devido à preocupações excessivas.

Não há, portanto, possibilidade de uma vida plena quando priorizamos o cuidado exclusivo do corpo ou da mente. É preciso que haja um equilíbrio, de forma que seja possível trabalhar no cuidado e prevenção de doenças tanto ligadas exclusivamente ao âmbito psicológico, como as decorrentes dele (ou não), porém, com manifestações biológicas.

Exemplificando o poder da mente sobre a saúde do nosso corpo, preocupações excessivas e recorrentes podem gerar um quadro de estresse crônico e este, por sua vez, viabilizar o surgimento de distúrbios cardiovasculares como hipertensão arterial ou arritmia; distúrbios gastrointestinais como síndrome do intestino irritável, gastrite ou úlceras; distúrbios hormonais como diabetes tipo 2, síndrome dos ovários policísticos ou problemas na tireóide; distúrbios imunológicos que podem ocasionar doenças como artrite reumatoide ou lúpus; distúrbios respiratórios como asma; distúrbios musculoesqueléticos como dores nas costas e pescoço; distúrbios dermatológicos como psoríase, acne ou dermatite atópica; distúrbios no SNC (Sistema Nervoso Central) como enxaquecas e dores de cabeça tensionais; obesidade, entre outros.

Todos esses distúrbios são doenças que se manifestam de forma física e são, em grande parte ocasionados de uma qualidade precária da saúde mental. Ainda hoje notamos certa negligência com os cuidados em saúde mental, sendo considerado algo supérfluo, em vezes, ridicularizado por via de esteriótipos. Podemos então perceber o quanto é importante investir em divulgação de pesquisas e na viabilização da ciência como ferramenta na busca pela prevenção da saúde, nos afastando o quanto possível das pseudociências.