Os Esquemas

Aline Romanato

Aline Romanato

Vamos falar um pouco a respeito do que são os esquemas.

O esquema nada mais é do que um padrão de comportamento, aprendido durante a nossa infância, que tem por objetivo garantir a nossa sobrevivência – física e/ou psicológica – e que na adultez já não faz sentido, tornando-se disfuncional.

Quando crianças podemos em determinado momento sentir que fomos abandonados (seja esse um abandono real ou apenas interpretado) e esse momento vai criar um modo de se comportar que busca evitar ser abandonado de novo. Esse é o esquema de abandono – um dos 18 esquemas possíveis – que agora, vai moldar o comportamento dessa criança de modo que ela passe a agradar demais as pessoas (um modo de se resignar ao sentimento de estar prestes a ser abandonada novamente), ela pode tentar estar sempre presente com as pessoas que julga poder abando-la, sufocando-as. Pode se isolar das pessoas como uma forma de evitar o sentimento de abandono… ou seja: existe sempre presente em sua vida o risco de ser abandonada e ela precisa se comportar de modo a evitar esse sentimento. Isso é o esquema.

Nós somos “atraídos” por situações que vão fazer com que revivamos as experiências da infância que são condizentes com aqueles esquemas, pois é o que nos é familiar, afinal nosso cérebro, numa tentativa de otimizar o nosso tempo, trabalha associando as situações com vivências, facilitando o nosso modo de enfrentar as situações, como se pensasse: “Olha só essa situação… o que ela tem de familiar com alguma outra situação para que eu busque esse match e saiba como agir, afinal posso associar e reproduzir o que fiz na situação passada como uma receita pronta que se encaixa?”
E vai encaixando novas experiências em “caixinhas” de experiências do mesmo “tipo”.


Vários fatores contribuem para o desenvolvimento dos nossos esquemas. O temperamento é um desses fatores e ele é inato, como uma predisposição genética que temos que norteia nosso modo de lidar com os eventos da nossa vida. Outro fator que influencia no desenvolvimento do esquema é o ambiente em que estamos inseridos, exemplificando: uma criança com tendência a ser mais tímida, estando em um ambiente estimulador, pode acabar se tornando mais extrovertida apesar do traço genético. O oposto também é verdadeiro, mostrando que o ambiente também influencia negativamente quando não é saudável.

Nossa maior referência na infância é a nossa família, logo, o funcionamento dela é que vai nos ensinar como é o funcionamento com o mundo externo – não quer dizer que de fato seja, é como acontece essa projeção de como é se relacionar com outras pessoas. 

De uma forma resumida, a influência destrutiva de situações da nossa infância, somada a um temperamento pre determinado forma os esquemas, nessa relação hereditariedade e ambiente.
A falta de segurança no ambiente em que a criança vive (real ou interpretada) vai gerar esquemas de abandono e desconfiança e abuso.

A falta de uma conexão de qualidade, como formação de vínculos intensos dessa criança com as pessoas que cuidam dela vai fazer com que ela desenvolva esquemas de privação emocional e isolamento social. Quando a criança não é capaz de desenvolver autonomia de forma saudável, esquemas de dependência e vulnerabilidade a dano se desenvolvem. Dificuldades de formar uma boa autoestima, esquema s de efectividade e fracasso. Quando a liberdade de expressão não é adequada, esquemas de subjugação e padrões inflexíveis. Por fim, problemas com limites desenvolvem esquema de grandiosidade e arrogo.

Frente a esses esquemas, nós também desenvolvemos estilos de enfrentamento, que visam lidar com eles. Nós nos resignamos a esses esquemas (capitulado complacente), aceitando as crenças envolvidas a eles e nos comportando de acordo com elas e os esquemas, buscamos evitar (protetor desligado) tudo relacionado a essas crenças e esquemas, na tentativa de fingir que nada daquilo existe ou hipercompensamos (hipercompensação), de modo a buscar nos validar para contrabalancear as crenças e esquemas. Nós podemos alternar entre esses 3 estilos de enfrentamento em diferentes situações e esquemas ativos.

Para finalizar, o modo mais eficiente de quebrar seus esquemas disfuncionais é conhecendo tudo o que puder a respeito deles (É conhecendo o inimigo!) para que possa fazer as intervenções necessárias ao perceber quando eles estão conduzindo a sua vida!